Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 837-1 | ||||
Resumo:A mastite é uma patologia que pode afetar negativamente a saúde dos animais leiteiros e a qualidade de seus produtos. Mastites caprinas e bovinas, em sua maioria, são causadas por bactérias, tendo como principal tratamento os antibióticos. Mas, o excessivo uso de antibióticos específicos está correlatado a resistência bacteriana, o que vem incentivando novas abordagens terapêuticas. Lectinas são proteínas capazes de neutralizar ou eliminar microrganismos e por isso têm apresentado alto potencial biotecnológico frente a mastite. A maior fonte de lectinas são as plantas, principalmente as leguminosas e suas sementes. Gliricídia sepium é uma leguminosa tropical que possui várias propriedades interessantes, como ser uma fonte rica de compostos bioativos que tem desempenhado um papel significativo no desenvolvimento de novas soluções e aplicações em diversas áreas. A partir disto, o objetivo deste estudo é avaliar a atividade antibacteriana de lectinas extraídas de G. sepium contra bactérias isoladas de mastites caprina e bovina, através de ensaios de inibição de crescimento bacteriano. Para obter o extrato de lectinas, o tegumento das sementes de G. sepium foi macerado e submetido a uma solução de tampão Tris-HCl 0,1M pH 7, permanecendo sob agitação (100 rpm) por 2h. Esse extrato foi submetido a filtração, para remover partículas indesejadas e obter um filtrado limpo e concentrado. A atividade antibacteriana foi realizada em uma placa de 96 poços, onde foram desenvolvidos ensaios com meio de cultura estéril, extrato das lectinas extraídas da G. sepium, água destilada estéril, bactérias isoladas da mastite caprina (Staphylococcus haemolyticus, Proteus spp., Enterobacter cloacae) e bactérias isoladas da mastite bovina (Proteus mirabilis, Staphylococcus haemolyticus, Streptococcus sp., Citrobacter spp.). A placa permaneceu em estufa de cultura bacteriológica por 24 h, sob temperatura de 37 ºC. Após esse período, foi realizada a espectrofotometria (595 nm), para uma observação prévia. Em seguida, foi adicionado corante resazurina em todos os poços, para que pudesse ser feita uma avaliação visual (alteração de cores) da inibição de crescimento das cepas. Após a técnica, foi observado que, sob influência das lectinas extraídas da G. sepium, todas as espécies sofreram alterações no crescimento, chegando a variar de 1 a 90% as taxas de inibição do desenvolvimento celular. As maiores inibições do crescimento bacteriano foram observadas frente as cepas Proteus spp. (91,95%) e P. mirabilis (45,55%), já as mais resistentes ao extrato bruto rico em lectinas foram as cepas Citrobacter spp. (18,13%) e E. cloacae (1,81%). Esses resultados, são semelhantes a estudos que explicitam o uso de lectinas como agentes antimicrobianos contra bactérias, demonstrando que as lectinas podem interagir com carboidratos específicos na superfície das bactérias, inibindo sua adesão às células mamárias e reduzindo a colonização bacteriana. Em conclusão, lectinas extraídas da G. sepium apresentam uma atividade antibacteriana promissora quanto ao seu potencial uso no combate as bactérias causadoras da mastite animal, oferecendo uma terapia alternativa ou uma abordagem complementar a resposta imunológica do animal. No entanto, é importante que sejam realizados mais estudos para aprofundar a compreensão dos mecanismos de ação das lectinas da G. sepium, bem como investigar sua eficácia em diferentes condições e modelos in vivo. Palavras-chave: glicoproteínas, leguminosa, infecção bacteriana, animais de produção Agência de fomento:Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco |